BIC de agosto aborda o desempenho econômico da China e seus desdobramentos sobre o ES

PUBLICADO EM 04 Set 2023

A Carta de Abertura da edição do Boletim da Indústria Capixaba de agosto analisa os desafios econômicos internos enfrentados pela China. Mesmo com essas adversidades, a segunda maior potência econômica mundial seguiu seu o fluxo de negócios com o Espírito Santo. Confira abaixo trechos selecionados da Carta de Abertura de julho e clique aqui para conferir o texto na íntegra.

Em agosto, as principais mídias do Espírito Santo anunciaram a visita dos executivos da Shein ao estado. A empresa é uma varejista chinesa com ampla atuação no comércio eletrônico global. O objetivo dessa visita foi conhecer fábricas potenciais para a confecção de roupas da marca no estado, em linha com o interesse que a empresa demonstrou de ampliar a fabricação no Brasil dos produtos consumidos pelo país.

Em 2022, o somatório do valor das exportações e importações, ou seja, do fluxo comercial, entre o estado e a China atingiu US$ 2,5 bilhões, maior patamar desde 2013. Entre os principais produtos que o Espírito Santo adquiriu da China em 2022 estão: máquinas e aparelhos elétricos, máquinas e aparelhos mecânicos veículos, fios sintéticos, obras de gesso, brinquedos e tecidos. Na outra via, entre os principais produtos que o Espírito Santo enviou ao país estão: pastas de madeira (celulose) granito, mármore e minério de ferro e seus concentrados.

Diante desse cenário, acompanhar o desempenho da economia chinesa é relevante, não apenas em momentos de fechamento de novas parcerias, mas também para os negócios já existentes, sobretudo os industriais.

Segundo o National Bureau of Statistics of China (NBS), o PIB do país cresceu 6,3% na comparação entre o 2º trimestre de 2023 e o 2º trimestre de 2022. Já na passagem do 1º trimestre para o 2º trimestre de 2023, o PIB do país avançou apenas 0,8% - após crescer 2,2% no 1º trimestre.

Um dos motivos para a desaceleração econômica chinesa vem do baixo desempenho do consumo das famílias. O indicador mais recente das vendas comércio, também calculado pelo NBS, mostrou que, após o crescimento de 2,3% na passagem de janeiro para fevereiro, as vendas mensais no varejo não cresceram em patamares tão elevados. Ao contrário, tais vendas apresentaram desempenho tímido, abaixo de 1,0%, a aponto de recuar 0,06% na passagem de junho para julho.

Os dados da redução do consumo no país são reforçados pelo menor volume de concessão de crédito e aumento da taxa de desemprego.

A baixa propensão ao consumo das famílias chinesas também está relacionada ao fato de optarem por não gastar a poupança que acumularam durante o período da pandemia, conforme aponta a análise da J.P. Morgan. A instituição atribuiu a este cenário a baixa confiança das famílias, motivada, entre outros fatores, à percepção de redução do valor dos ativos, em especial os imóveis e as ações.

Os preços dos imóveis na China têm passado por um processo de desvalorização, resultante da crise imobiliária local, cujo epicentro é a incorporadora Evergrande.

Diante desse contexto, o governo chinês passou a divulgar medidas para impulsionar a economia local. Entre essas medidas estão: (i) o último corte da taxa de juros de referência pelo banco central chinês, de 3,65% para 3,55%, (ii) a redução do imposto sobre transações de ações, além de outras medidas para estimular o mercado de capitais do país, (iii) a ampliação de investimentos em tecnologia, e (iv) a  promoção de ações setoriais na indústria, como o desenvolvimento do ramo de materiais de construção.

Não pode deixar de ser comentado que o desempenho econômico mais fraco na China reverbera também de outras formas sobre os mercados transoceânicos: impacta diversas outras atividades industriais já consolidadas, seja diretamente na compra dos produtos manufaturados e matéria prima, seja como grande player no mercado global, a ponto de interferir na definição de preços, como os das commodities metálicas e energéticas.

Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de agosto

  • Produção física da indústria capixaba acumulou crescimento de 0,5% de janeiro a junho, impulsionado pelo avanço de 6,9% na indústria extrativa.
  • No 1º semestre, as exportações da indústria capixaba totalizaram US$ 4,3 bilhões, o que representa um recuo de 1,8% em relação ao mesmo período de 2022.
  • Contudo, apenas no mês de junho, a indústria capixaba exportou o equivalente a US$ 1,15 bilhão, influenciado por um movimento atípico na atividade de fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores.
  • O Índice de Preço ao Produtor (IPP) registrou deflação de 6,5% em junho.
  • A Inflação ao consumidor, mensurada pelo IPCA, acumulou alta de 4,0% em 12 meses até julho.
  • No 1º semestre, a indústria geral e a indústria da construção do Espírito Santo criaram, juntas, mais de 10,1 mil novas vagas de emprego com carteira assinada
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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.