Aperto monetário e desaceleração global elevam os riscos para o comércio externo em 2023

Com o fim do ciclo de aumento de juros previstos para o ano que vem, OMC projeta crescimento de apenas 1% no volume do comércio internacional

PUBLICADO EM 18 Nov 2022

Em meio à intensificação dos ajustes monetários em economias centrais (com exceção da China), as perspectivas para o crescimento da atividade econômica global continuam apontando para uma desaceleração no fechamento de 2022 e no início de 2023. Além desse, somam-se outros desafios relevantes à nível internacional, como os conflitos geopolíticos, a resiliência inflacionária, a crise energética e a normalização das condições sanitárias.

Esse cenário internacional menos favorável ao comércio exterior, com baixo crescimento das economias avançadas e redução na cotação das commodities, já se mostra por meio da estabilidade das exportações capixabas. Nos primeiros nove meses do ano, o Espírito Santo vendeu ao mundo o equivalente a US$ 7,06 bilhões. No entanto, esse valor é apenas 0,1% acima do comercializado no mesmo período de 2021 (US$ 7,05 bilhões).

Destaca-se, porém, que as importações atingiram US$ 7,08 bilhões entre os meses de janeiro e setembro de 2022, apresentando crescimento de 54,3% na comparação com 2021.

O saldo comercial decorrente da diferença entre as exportações e importações foi de déficit na ordem de US$ 18,1 milhões. No mesmo período do ano passado, a balança comercial capixaba havia registrado um superávit de US$ 2,4 bilhões (gráfico 1).

 

Por outro lado, em relação à corrente de comércio capixaba, que consiste na soma das exportações e importações, o valor somou US$ 14,1 bilhões e foi o maior patamar atingido pelo indicador nos últimos dez anos.

Entre as atividades exportadoras do estado, vale destacar o bom desempenho dos produtos das indústrias de transformação. O total desses bens enviados ao exterior industrial somou US$ 3,5 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. O montante foi 13,7% superior aos US$ 3,08 bilhões exportados no mesmo período de 2021 (gráfico 2). Esse foi o melhor resultado para os primeiros nove meses do ano para esse setor industrial na série histórica iniciada em 1999.

Para os próximos meses, a OMC (Organização Mundial do Comércio) atualizou a previsão de crescimento do volume de comércio global em 2022, de 3,0% estimada em abril, para 3,5% em outubro. Esse patamar está bem abaixo do registrado no ano anterior, 9,7%. Ainda nesse cenário de desaceleração, a instituição revisou para 1,0% a expectativa de crescimento do comércio de 2023, frente a previsão de 3,4% feita em abril deste ano.

Essa forte contração, por sua vez, está relacionada à expectativa de queda da demanda internacional, à medida que as atividades econômicas das principais economias mundiais sejam afetadas pelos apertos monetários ainda em curso. Muitos países, a exemplo dos Estados Unidos, Inglaterra, e Canadá, continuam a sofrer com a persistência inflacionária. Por essa razão, o ciclo de aumento dos juros ainda não foi finalizado, postergando para 2023 parte relevante do efeito contracionista do aperto nas condições monetárias.

 

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Rafael Almeida Leal

Graduado e Mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência de Estudos Econômicos. Possui interesse na área de Finanças Públicas e análise de dados conjunturais.