Produção industrial do Espírito Santo recua 16,7% em abril

As medidas de isolamento social adotadas desde março no país para combater o coronavirus resultaram em efeitos significativos nos diversos setores da economia. A produção industrial foi afetada pela paralisação de atividades não essenciais e pelas mudanças de comportamento dos consumidores. No Brasil, a produção industrial caiu 18,8% em abril, na comparação com o mês imediatamente anterior, registrando a queda mais acentuada da sua série histórica iniciada em 2002. A indústria nacional já havia demonstrado o impacto inicial do combate à pandemia em março, com retração de 9,0%, na série com ajuste sazonal, mas os efeitos em abril se mostraram mais significativos e atingiram 22 das 26 atividades pesquisadas. Na comparação da produção regional, 13 dos 15 locais pesquisados registraram queda em abril e a indústria do Espírito Santo retraiu 16,7% em relação ao mês anterior. Na passagem de março para abril os piores resultados foram registrados por Amazonas (-46,5%) e Ceará (-33,9%).

Em abril de 2020 a indústria do Espírito Santo retraiu 23,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior, demonstrando o impacto significativo das medidas de combate à pandemia do Covid-19 sobre a produção e a disseminação dos seus efeitos entre as atividades.

  • As indústrias extrativas recuaram 20,8% e a indústria de transformação retraiu 26,3% na comparação entre os meses de abril de 2020 e 2019.
  • A produção de produtos alimentícios se deteriorou bastante em abril (-31,5%), mas entre os produtos pesquisados as massas alimentícias secas tiveram influência positiva no mês. 
  • A queda na produção de minerais não metálicos vem se intensificando desde fevereiro e em abril a variação foi de 33,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, mesmo com uma influência positiva da produção de cimentos "Portland“. 
  • A metalurgia também foi bastante impactada, em abril a atividade registrou uma forte queda (-36,0%), após retração de 31,4% em março. 

    De janeiro a abril de 2020, a produção industrial no Brasil recuou em 8,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e o Espírito Santo teve o pior resultado dentre os locais pesquisados com variação acumulada de -15,9%. Este desempenho foi disseminado entre as atividades pesquisadas: produtos alimentícios (-2,6%), minerais não metálicos (-11,2%), metalurgia (-13,5%) e indústrias extrativas (-24,6%), exceto para celulose, papel e produtos de papel que teve crescimento (+3,6%). 

Em 2020, a indústria capixaba vem sendo pressionada, em particular, pelos recuos apontados pelas indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados, óleos brutos de petróleo e gás natural). Nos próximos meses, com o relaxamento das medidas de combate à pandemia, a recuperação das atividades da indústria ainda dependerá da reação da demanda no mercado nacional e também externo.

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Vanessa Avanci

Economista, doutora em Economia pela UFF. Analista sênior do Observatório do Ambiente de Negócios, escreve sobre conjuntura econômica e atua realizando estudos e pesquisas sobre a indústria, comércio exterior, produtividade e inovação.